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Summit of the Future: Estamos Construindo o Futuro que Queremos ou Ignorando a Realidade? Opinião - 04/10/2024 Anna Luisa Beserra

Foto do escritor: Ana Cunha-BuschAna Cunha-Busch

Atualizado: 4 de out. de 2024


Anna Luísa no Summit of the Future - ONU, em Nova York  Fonte: própria
Anna Luísa no Summit of the Future - ONU, em Nova York Fonte: própria

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Summit of the Future: Estamos Construindo o Futuro que Queremos ou Ignorando a Realidade?

Opinião - 04/10/2024

Anna Luisa Beserra


Na última semana de setembro, entre os dias 18 e 24, tive a honra de participar do Summit of the Future na ONU, em Nova York.Como jovem empreendedora social, fui convidada a compartilhar minha visão sobre o papel dos jovens e das mulheres nas tomadas de decisão em questões globais. Foi uma experiência incrível, cercada de debates e trocas de ideias sobre sustentabilidade, igualdade e o futuro que queremos construir.


A energia no evento era inspiradora: líderes globais, jovens ativistas e empreendedores engajados em transformar o mundo. No entanto, por trás de toda essa empolgação, há uma realidade que não podemos ignorar: muitas dessas discussões acabam ficando apenas no papel. Apesar dos discursos poderosos e das promessas grandiosas, falta ação concreta.



A discrepância entre o discurso e a realidade


Um dos temas mais discutidos no evento foi a inclusão de jovens e mulheres nas decisões estratégicas. É claro que precisamos de mais diversidade em posições de liderança, mas a verdade é que essas mudanças ainda estão longe de se materializar. Quando olhamos para os tomadores de decisão, percebemos que muitos deles estão mais preocupados em construir uma imagem positiva do que realmente fazer a diferença.


E aqui está o grande paradoxo: enquanto muitos líderes falavam sobre sustentabilidade e compromisso com as metas de desenvolvimento sustentável (ODSs), na prática, continuam apoiando indústrias que destroem o meio ambiente. Um exemplo claro é a indústria de petróleo, que, mesmo sendo uma das maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, ainda recebe isenções fiscais e apoio governamental em muitos países.


Os mesmos governos que falam sobre a urgência de combater as mudanças climáticas são os que facilitam a expansão dessas indústrias poluidoras. Enquanto isso, iniciativas de impacto, que realmente trazem soluções sustentáveis e sociais, continuam esquecidas e enfrentam barreiras gigantes para escalar e ganhar força.



Metas de 2030: estamos caminhando para o fracasso?


Com a forma como estamos avançando — ou melhor, retrocedendo — em nossas políticas climáticas e sociais, é difícil acreditar que alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Na verdade, a sensação é que estamos cada vez mais distantes dessas metas.


O recente relatório da ONU destaca que apenas 17% das metas dos ODSs estão no caminho certo. Isso significa que a maior parte dos compromissos assumidos há oito anos ainda não se materializou. E se os governos e grandes empresas continuarem a "fantasiar" que estão agindo, sem mudar a lógica de apoio às indústrias poluentes e exploradoras, não só não atingiremos as metas em 2030, como 2040 e 2050 também serão apenas miragens no horizonte.



O que podemos fazer agora? Estamos prontos para agir ou continuaremos apenas falando?


O primeiro passo é pressionar para que esses compromissos se tornem ações reais. Precisamos de políticas que priorizem a sustentabilidade, com incentivos reais para as empresas que trazem impacto positivo e que, de fato, mudam a realidade. Chega de isenções para indústrias que destroem o planeta. Precisamos apoiar projetos que regeneram, que transformam e que garantem um futuro justo para todos.


Além disso, devemos cobrar transparência. Que cada promessa feita em eventos como o Summit of the Future seja acompanhada de ações e resultados concretos. Sem isso, continuaremos vivendo em um mundo de discursos vazios e promessas não cumpridas.


O tempo está passando. E o que está em jogo é o futuro de todos nós. Não basta que alguns poucos bilionários consigam sobreviver em um mundo destruído. Precisamos garantir que todos, especialmente os mais vulneráveis, tenham a chance de viver com dignidade em um planeta saudável.


E você, o que pensa sobre isso? Até quando vamos aceitar esse teatro da sustentabilidade? É hora de transformar palavras em ações e construir o futuro que realmente desejamos.



Com gratidão, 🌿🌍


Anna Luisa Beserra

Fundadora, Sustainable Development & Water For All




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