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Seringueiros criam um futuro sustentável na Amazônia 11/01/2025

Foto do escritor: Ana Cunha-BuschAna Cunha-Busch

Atualizado: 11 de jan.


Seringueiros criam um futuro sustentável na Amazônia / Foto: © AFP. Pessoa fazendo os cortes na casca para a retirada do latex

Seringueiros criam um futuro sustentável na Amazônia / Foto: © AFP




Por AFP - Agence France Presse


Seringueiros criam um futuro sustentável na Amazônia


Quando o sol nasce na ilha amazônica de Marajó, Renato Cordeiro amarra as botas, pega o facão e sai para extrair a borracha de suas seringueiras.


Gota a gota, ele coleta a seiva branca e leitosa, conhecida como látex, que o sustenta.


O recente renascimento do comércio de extração de borracha nessa região empobrecida do norte do Brasil criou empregos para famílias que antes prosperavam durante o boom da borracha na Amazônia, que entrou em colapso no final do século XX.


Uma empresa local chamada Seringo permitiu que Cordeiro e mais de 1.500 outros seringueiros retomassem seu ofício. A empresa produz bens como calçados e, ao mesmo tempo, protege a floresta, que está cada vez mais ameaçada pelo desmatamento.


Para Cordeiro, um homem robusto de 57 anos, a Amazônia é seu quintal.


Atrás de sua casa sobre palafitas no rio Anajás, dezenas de seringueiras naturais se misturam a árvores centenárias e palmeiras típicas dessa ilha, cercada por rios de um lado e pelo mar do outro.


- 'Herança de família' -

“Comecei a derrubar árvores aos sete anos de idade com minha mãe, no meio da floresta”, disse Cordeiro, segurando seu facão, que tem uma peça metálica saliente para fazer cortes precisos na casca.


Com cada incisão feita com cuidado para não danificar o tronco, a árvore nativa da Amazônia começa a pingar seu látex em um recipiente colocado embaixo. Quando o recipiente fica cheio, Renato passa para a próxima árvore.


Todos os dias, ele coleta cerca de 18 litros e os mistura com vinagre para produzir folhas de borracha branca. Essas folhas são penduradas em uma corda por 10 dias para secar antes de serem vendidas a Seringo, que as recolhe em sua casa às margens do rio.


Cordeiro, que é casado e tem três filhos, sorri com orgulho. Depois de quase duas décadas sobrevivendo da caça e da colheita do açaí, ele voltou a ser seringueiro em 2017 para proteger o que chama de patrimônio de sua família - a floresta.


“Eu ansiava por voltar a esse trabalho”, diz Valcir Rodrigues, outro seringueiro e pai de cinco filhos, de uma casa sobre palafitas ao longo do rio ao norte de Anajas.


“Queremos deixar um mundo melhor para nossos filhos, por isso não desmatamos”, diz ele.


Rodrigues frequentemente confronta madeireiros que invadem suas terras para derrubar árvores.


“Eles precisam entender o quanto prejudicam a floresta - e a si mesmos - já que muitos acabam endividados com seus empregadores”, explica.


O desmatamento aumentou em Marajó quando a demanda global por borracha amazônica despencou e países como a Malásia começaram a plantar seringueiras em larga escala.


Hoje, no entanto, a borracha sustenta toda a família de Rodrigues. Sua esposa e sogra produzem habilmente produtos artesanais coloridos que são vendidos principalmente em Belém, a capital do estado do Pará, a leste de Marajó.


“Eu era funcionário público, mas o governo local nunca me deu um emprego. Esse é o meu primeiro negócio de verdade e eu adoro”, disse sua sogra Vanda Lima, uma sorridente senhora de 60 anos.


- Expansão -

Com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil, “era necessário criar renda no Marajó”, diz Zelia Damasceno, que co-fundou a Seringo com seu marido para impulsionar a bioeconomia da região.


Inicialmente focado na promoção do trabalho artesanal, o casal percebeu que os seringueiros estavam “insatisfeitos”, extraindo o látex esporadicamente para que seus cônjuges o utilizassem na confecção de artesanatos.


“Então pensamos em um segundo propósito - calçados - para que eles também pudessem ganhar a vida”, diz Damasceno, 59 anos, do Pará.


Em sua fábrica em Castanhal, cerca de 300 quilômetros a leste de Marajó, a Seringo produz diariamente 200 pares de calçados biodegradáveis, feitos com 70% de borracha e 30% de pó de açaí.


Recentemente, a empresa recebeu apoio do governo do Pará para aumentar para 10.000 o número de seringueiros que utiliza em Marajó.


Isso faz parte de um programa de desenvolvimento sustentável lançado antes da COP30, uma conferência climática da ONU marcada para novembro em Belém.


Mesmo assim, Damasceno admite que ainda há desafios: “Alguns jovens não querem seguir esse caminho. Precisamos aumentar a conscientização sobre a importância desse trabalho para preservar a floresta e o futuro deles.”


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