![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Temperaturas da superfície. anomalias 2024/Fonte Copernicus](https://static.wixstatic.com/media/a63056_1e62b96c00ae4862909f7767a275953d~mv2.png/v1/fill/w_980,h_735,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/a63056_1e62b96c00ae4862909f7767a275953d~mv2.png)
“RESUMO EXTENDIDO” DO CLIMA EM 2024"
Marcos Leandro Kazmierczak [mleandrok@hotmail.com]
Doutor em Desastres Naturais, Fundador da KAZ Tech - A Startup das Mudanças Climáticas
Em 16 de Janeiro de 2025 participei da reunião mensal do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), como tenho feito já há mais de três anos. Como é de praxe, a primeira reunião do ano tem o bônus de contar com um resumo do ano anterior. A apresentação foi feita pelo Dr. Antonio José Marengo, meu orientador de Doutorado, e a partir dos slides por ele apresentados, passo a tecer os meus comentários.
1.Análise dos impactos climáticos na América do Sul
2024 foi marcado por eventos climáticos extremos, com impactos significativos em diversos países da região. No Brasil, as fortes chuvas no Rio Grande do Sul, em abril e maio, causaram um dos maiores desastres climáticos da história, resultando em um número elevado de vítimas fatais e prejuízos econômicos consideráveis. Em contraste, a Amazônia e o Pantanal enfrentaram uma severa seca, com níveis recordes de baixa nas vazões dos rios. Além das chuvas intensas e da seca, a região também sofreu com ondas de calor e incêndios florestais, que agravaram os problemas existentes e colocaram em risco a saúde da população e os ecossistemas.
A combinação de fatores climáticos extremos, como o El Niño e a Oscilação Multidecadal do Atlântico, contribuiu para a intensificação desses eventos, evidenciando a vulnerabilidade da América do Sul às “mudanças climáticas”, que passo a denominar “Emergência Climática”, tal qual o faz, desde 2023, o Secretário-Geral da ONU, António Guterrez. A análise dos eventos climáticos extremos ocorridos demonstra a urgência de se adotar medidas para mitigar os efeitos da emergência climática e aumentar a resiliência das comunidades e dos ecossistemas. É fundamental investir em políticas públicas que promovam a adaptação às novas realidades climáticas, como a gestão integrada de recursos hídricos, o fortalecimento dos sistemas de alerta precoce, o desenvolvimento de infraestruturas resilientes para que não se tenha a mortalidade registrada na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Rio Grande do Sul. Além disso, a redução das emissões de GEE é essencial para limitar a “Ebulição Global” (outro termo do Guterrez) e evitar eventos climáticos extremos ainda mais intensos no futuro. Cada vez mais frequentes e destrutivos, em termos de impacto.
A conta desta emergência climática é maior para o Hemisfério Sul, e a América do Sul enfrenta um desafio complexo e urgente. A adoção de medidas eficazes são cruciais para garantir a sustentabilidade ambiental e o bem-estar das populações da região.
2. O mapa de temperaturas globais
O mapa de temperaturas globais de 2024 (a seguir), elaborado pela NOAA, revela um padrão alarmante de aquecimento em praticamente todo o planeta. A predominância de tons quentes indica que a maioria das regiões terrestres e oceânicas experimentou temperaturas significativamente acima da média histórica. Essa anomalia térmica global é um forte indicativo da intensificação da emergência climática e de seus impactos cada vez mais severos. As consequências dessa ebulição global generalizada são diversas e preocupantes, uma vez que o aumento das temperaturas contribui para o derretimento das geleiras, o aumento do nível do mar, a intensificação de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e tempestades, além de afetar a biodiversidade e a segurança alimentar global.
Os dados apresentados no mapa reforçam a urgência de ações globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A redução das emissões de gases de efeito estufa, a transição para fontes de energia renováveis e a adoção de práticas sustentáveis são medidas cruciais para limitar esta ebulição global e evitar consequências ainda mais graves. Além das medidas de mitigação, é fundamental investir em políticas de adaptação para minimizar os impactos da emergência climática em que estamos inseridos. A construção de infraestruturas resilientes, a gestão eficiente dos recursos hídricos, o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e a promoção de práticas agrícolas sustentáveis são exemplos de ações que podem ajudar a proteger as populações e os ecossistemas mais vulneráveis.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Temperatura da superfície NOAA](https://static.wixstatic.com/media/a63056_56c78beccec64f469b957cecbc6dabc5~mv2.jpg/v1/fill/w_484,h_304,al_c,q_80,enc_auto/a63056_56c78beccec64f469b957cecbc6dabc5~mv2.jpg)
3. O mapa de anomalias de temperatura
De forma análoga ao mapa anterior, o mapa de anomalias de temperatura superficial em 2024 (a seguir), fornecido pelo Copernicus, revela um padrão global de temperaturas significativamente acima da média. A predominância de tons quentes indica que a maior parte da superfície terrestre registrou temperaturas superiores às observadas no período de referência (1991-2020).
![Fonte: 74 reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025. Anomalias da superfície terrestre](https://static.wixstatic.com/media/a63056_1e62b96c00ae4862909f7767a275953d~mv2.png/v1/fill/w_980,h_735,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/a63056_1e62b96c00ae4862909f7767a275953d~mv2.png)
As anomalias mais extremas, representadas pelas cores mais intensas, concentram-se em determinadas áreas, sugerindo uma maior ocorrência de eventos climáticos extremos como ondas de calor. Essa distribuição espacial das anomalias pode ser atribuída a uma combinação de fatores, incluindo a variabilidade natural do clima, a ebulição global de origem antropogênica e a influência de fenômenos climáticos, como o El Niño. A análise desse mapa é crucial para compreender os impactos das mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo e para a tomada de decisões relacionadas à adaptação e mitigação.
As altas temperaturas registradas em 2024, o ano mais quente já registrado, têm implicações significativas para diversos setores, como a agricultura, a saúde, a economia e os ecossistemas. Eventos extremos como secas, inundações e incêndios florestais, intensificados pelo aumento das temperaturas, podem causar perdas econômicas substanciais, deslocamentos populacionais e danos ambientais irreversíveis. Um exemplo disso é a savanização da Amazônia, uma vez ultrapassado o ponto de não retorno citado pelo Dr. Carlos Nobre há mais de 30 anos.
As anomalias e extremos na TSM (Temperatura da Superfície do Mar)
O mapa de anomalias e extremos na TSM em 2024, fornecido pelo Copernicus, revela um cenário preocupante e com implicações globais. O planeta registrou temperaturas significativamente acima da média histórica, estabelecida entre 1991 e 2020, e essa anomalia térmica marítima é um forte indicativo da intensificação da ebulição global e de seus impactos nos sistemas climáticos. As consequências desse aquecimento dos oceanos são diversas e complexas. O aumento da TSM contribui para a elevação do nível do mar, a intensificação de eventos climáticos extremos, como ciclones tropicais e ondas de calor marinhas, além de afetar a biodiversidade marinha, a pesca e a economia de comunidades costeiras.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025. Anomalias temperatura do mar](https://static.wixstatic.com/media/a63056_6b05812dde3a4b2991406982a2b247a8~mv2.jpg/v1/fill/w_672,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_6b05812dde3a4b2991406982a2b247a8~mv2.jpg)
A redução das emissões de GEE, a transição para uma economia de baixo carbono e a adoção de práticas de pesca sustentáveis são medidas cruciais para limitar o aquecimento global e preservar os ecossistemas marinhos. Além das medidas de mitigação, é crucial investir em pesquisas e monitoramento dos oceanos para compreender melhor os processos em curso e desenvolver estratégias de adaptação.
5. A ebulição global e seus impactos no Brasil
A notícia de que o mundo ultrapassou a marca de 1,6°C de aquecimento global em relação à era pré-industrial é um sinal alarmante da emergência climática em curso. Essa elevação da temperatura média global, confirmada por diversos estudos científicos, tem consequências diretas e significativas para o planeta e, em particular, para o Brasil. O aumento das temperaturas globais intensifica eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas prolongadas, chuvas torrenciais e aumento do nível do mar. Aqui essas alterações climáticas já são evidentes, com regiões registrando aumentos de temperatura superiores à média global: ficamos 2,2°C acima da temperatura da era pré-industrial. A ocorrência de incêndios florestais mais intensos e frequentes, secas prolongadas que afetam a agricultura e a produção de energia hidrelétrica, além do aumento do risco de inundações em áreas urbanas, são exemplos dos impactos diretos dessas mudanças no país.
Os impactos vão muito além dos eventos climáticos extremos. A elevação das temperaturas afeta a saúde da população, aumentando o número de casos de doenças relacionadas ao calor, como desidratação e doenças respiratórias. Além disso, a agricultura, um setor fundamental para a economia brasileira, é altamente vulnerável à emergência climática, com impactos na produção de alimentos e na segurança alimentar. Diante desse cenário, é urgente que o Brasil intensifique suas ações para mitigar as causas e se adaptar aos seus impactos. A redução das emissões de gases de efeito estufa, a transição para uma matriz energética mais limpa e o investimento em tecnologias limpas são medidas essenciais para combater a ebulição global. Além disso, é fundamental fortalecer a resiliência das comunidades e dos ecossistemas, por meio de medidas como a recuperação de áreas degradadas, o manejo sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para eventos climáticos extremos.
6. O mundo aquece e o Brasil sofre as consequências
O gráfico a seguir, produzido Copernicus, indica um marco preocupante para o clima global: 2024 é o primeiro ano em que a temperatura média global superou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Esse dado é extremamente relevante, uma vez que 1,5°C é o limite estabelecido pelo “Desacordo” de Paris para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. O que o gráfico mostra:
ü Tendência de aquecimento: a linha vermelha representando 2024 está significativamente acima das linhas de outros anos, evidenciando um aumento substancial da temperatura média global.
ü Aceleração do aquecimento: a inclinação das linhas ao longo do tempo demonstra uma clara tendência de aquecimento global, com as últimas décadas apresentando os maiores aumentos de temperatura.
ü Superação do limite de 1,5°C: o fato de 2024 ter ultrapassado a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais indica que os efeitos das mudanças climáticas estão se intensificando mais rapidamente do que o esperado.
O que isso significa? A superação do limite de 1,5°C é um sinal claro de que a emergência climática é uma realidade urgente e que as ações para mitigá-las precisam ser intensificadas. Os impactos da ebulição global já são visíveis em diversas partes do mundo e, se as emissões de GEE não forem reduzidas drasticamente, as consequências serão ainda mais graves nas próximas décadas.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Temperaturas pré-industriais](https://static.wixstatic.com/media/a63056_28a0b1a484e9430394b37478f3b262ca~mv2.jpg/v1/fill/w_660,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_28a0b1a484e9430394b37478f3b262ca~mv2.jpg)
Quase são as implicações disso ? Aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas, tempestades e inundações. Aumento do nível do mar, com consequências para cidades costeiras e ilhas. Extinção de espécies e perda de habitats naturais. Impactos na agricultura e produção de alimentos, levando a escassez e aumento dos preços. Risco de migração de pessoas em busca de condições climáticas mais favoráveis.
7. Tendências da temperatura (1900-2024)
O gráfico a seguir demonstra de forma clara e contundente o aquecimento ao longo do século XX e início do século XXI. As diversas linhas coloridas representam diferentes conjuntos de dados de temperatura, analisados por diferentes instituições, mas com todas elas convergindo para uma tendência ascendente nos últimos anos, o que é um indicador incontestável da ebulição global. É importante destacar que o aumento da temperatura média global não é um fenômeno linear, mas sim caracterizado por flutuações anuais e regionais, mas a tendência de longo prazo é inegavelmente crescente. As temperaturas globais em 2024 estão significativamente acima da média do período de referência (1991-2020), com aumentos expressivos.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Tendência das temperaturas de 1900 à 2024](https://static.wixstatic.com/media/a63056_5327135f4df246fcabebd09bffe6ea81~mv2.jpg/v1/fill/w_760,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_5327135f4df246fcabebd09bffe6ea81~mv2.jpg)
8.A ebulição global
A constatação de que 2024 foi o ano mais quente já registrado exige uma resposta global imediata e coordenada. É fundamental reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, investindo em fontes de energia renovável e em tecnologias limpas. Além disso, é preciso adaptar as cidades e infraestruturas para lidar com os impactos das mudanças climáticas, como investir em sistemas de drenagem eficientes, criar áreas verdes e promover a agricultura sustentável. A comunidade internacional precisa intensificar os esforços para cumprir os objetivos do “Desacordo” de Paris e limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. A transição para uma economia de baixo carbono é um desafio complexo, mas fundamental para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. A inação diante desse problema pode ter consequências irreversíveis para o planeta e para a humanidade.
9. O impacto da Emergência Climática no Brasil
Os dados apresentados pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) revelam um cenário preocupante, com eventos extremos como ondas de calor intensas, chuvas torrenciais e secas prolongadas afetando o país de forma significativa. As consequências desse aquecimento são diversas e complexas. As altas temperaturas contribuíram para a ocorrência de incêndios florestais, com um aumento de 46% em relação ao ano anterior, e afetaram a saúde da população, aumentando o risco de doenças relacionadas ao calor. Além disso, as chuvas extremas causaram inundações devastadoras no Rio Grande do Sul, resultando em perdas humanas e econômicas significativas. A seca, por sua vez, impactou a Amazônia e outros biomas, comprometendo o transporte fluvial e causando a morte de peixes em grande escala.
Os dados do INMET apresentados a seguir revelam um cenário climático alarmante no Brasil em 2024, marcado por eventos extremos tanto de chuvas intensas quanto de altas temperaturas:
Chuvas excepcionais: a lista das dez cidades com os maiores acumulados mensais de chuva evidencia a ocorrência de eventos de precipitação muito acima da média em diversas regiões do país. Essas chuvas excessivas podem estar associadas a diversos fatores, incluindo a intensificação de eventos climáticos extremos e mudanças nos padrões de circulação atmosférica. Caxias do Sul (RS): 845,3mm; Salvador (BA): 821,7mm; Soledade (RS): 773,8mm; Canela (RS): 767,2mm; Bento Gonçalves (RS): 763,0mm; Turiaçu (MA): 750,0mm; Tracuateua (PA): 746,8mm; Guaratuba (PR) 722,2mm; Água Boa (MT): 717,4mm; e Oiapoque (AP): 715,4mm.
Temperaturas máximas extremas: por outro lado, a lista das dez cidades com as maiores temperaturas máximas registradas em 2024 demonstra a ocorrência de ondas de calor intensas. Essas altas temperaturas podem ser atribuídas a diversos fatores, como a emergência climática, a urbanização e a influência de fenômenos climáticos como o El Niño. Goiás (GO): 44,5°C; Cuiabá (MT): 44,3°C; Indiaporã (SP): 43,3°C; Aragarças (GO): 43,3°C; Rio de Janeiro (RJ): 43,2°C; Nhumirim (MS): 43,2°C; Coxim (MS): 43,1°C; Santa Salete (SP): 43,1°C; Valparaíso (SP): 43,1°C; e Santo Antônio de Leverger (MT): 43,0°C.
Diante desse cenário, é fundamental que o Brasil invista em ações de adaptação e mitigação. A implementação de sistemas de alerta precoce, a gestão integrada de recursos hídricos, o planejamento urbano sustentável e a promoção de práticas agrícolas resilientes são algumas das medidas necessárias para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Além disso, é preciso fortalecer a pesquisa científica e a cooperação internacional para encontrar soluções inovadoras e eficazes para esse problema global.
10. As anomalias climáticas na América do Sul em 2024
Os mapas apresentados a seguir revelam um quadro preocupante das condições climáticas na América do Sul durante 2024. O primeiro mapa, referente às anomalias de temperatura, mostra um padrão de aquecimento acima da média em grande parte do continente, com destaque para a região amazônica e o centro do Brasil. As cores quentes indicam áreas onde as temperaturas estiveram significativamente acima da média histórica, evidenciando o impacto das mudanças climáticas.
O segundo mapa mostra as anomalias de chuva, e apresenta um cenário de grande variabilidade espacial. Enquanto algumas regiões registraram um excesso de chuvas, outras sofreram com a escassez. O mapa do Índice Integrado de Seca, à direita, corrobora essa informação, indicando que extensas áreas da América do Sul, especialmente no Brasil, enfrentaram condições de seca severa a excepcional. A combinação de altas temperaturas e escassez de chuvas intensificou os riscos de incêndios florestais.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Mapas com condições globais da temperatura da América do Sul em 2024](https://static.wixstatic.com/media/a63056_8d86256292da47e0baf06d1d43ba9fb1~mv2.jpg/v1/fill/w_788,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_8d86256292da47e0baf06d1d43ba9fb1~mv2.jpg)
A análise desses mapas reforça a necessidade de ações urgentes para mitigar os efeitos da emergência climática e se adaptar às novas condições. É fundamental reduzir as emissões de gases de efeito estufa, investir em energias renováveis, promover práticas agrícolas sustentáveis e fortalecer a gestão dos recursos hídricos. A adaptação é um desafio complexo, mas fundamental para garantir a segurança e o bem-estar das futuras gerações.
11. Análise específica da precipitação na Amazônia Oriental e Meridional
Os gráficos apresentados a seguir ilustram a variabilidade temporal da precipitação na Amazônia Oriental (a) e Meridional (b) ao longo do tempo, com destaque para os períodos de seca e chuva. A análise desses dados revela padrões importantes sobre o clima dessas regiões e suas implicações para o ecossistema amazônico.
Amazônia Oriental: uma clara alternância entre períodos de chuva e seca, com picos de precipitação durante a estação chuvosa e períodos mais secos durante o restante do ano. As linhas vermelhas destacam os anos de seca mais intensos, como 1982, 1997, 2005, 2010 e 2023. Observa-se que a intensidade e duração das secas variam ao longo do tempo, com alguns anos apresentando períodos de seca mais prolongados e severos. Essa variabilidade climática natural é influenciada por diversos fatores, como a circulação atmosférica, a temperatura do oceano e a vegetação.
Amazônia Meridional: apresenta um padrão similar ao da Amazônia Oriental, com uma alternância entre períodos de chuva e seca. No entanto, a amplitude da variação da precipitação parece ser maior nessa região, com períodos de seca mais prolongados e intensos. 2023, em particular, se destaca por apresentar um período de seca excepcionalmente longo, como indicado pela linha amarela. Essa seca prolongada pode ter sérias consequências para a floresta amazônica, aumentando o risco de incêndios florestais e afetando a biodiversidade.
A estação seca ficou maior! O que significa que a estação chuvosa ficou menor.
![Reuniao mensal do CEMADEN, diferença entre Amazonia Leste e Sul](https://static.wixstatic.com/media/a63056_3efe84f8c3344dbab2a9257966d88f2f~mv2.jpg/v1/fill/w_806,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_3efe84f8c3344dbab2a9257966d88f2f~mv2.jpg)
12. Análise específica dos níveis do Rio Negro em Manaus
O gráfico a seguir demonstra a variação dos níveis do Rio Negro em Manaus ao longo do tempo, evidenciando um padrão cíclico de oscilações entre períodos de cheias e secas. Essas flutuações são influenciadas por diversos fatores climáticos e hidrológicos, como o regime de chuvas na região amazônica, a temperatura da água e a dinâmica dos rios da bacia amazônica. As linhas horizontais amarelas no gráfico demarcam os limites considerados como "normais" para os níveis do rio. Acima dessas linhas, observa-se a ocorrência de cheias, que podem causar inundações em áreas urbanas e rurais, afetando a vida da população e a infraestrutura. Abaixo das linhas, ocorrem secas, que podem levar à escassez de água para diversas atividades, como agricultura, pesca e geração de energia. Os dados históricos mostram que a frequência e a intensidade desses eventos extremos variam ao longo do tempo, com períodos de maior ocorrência de cheias ou secas.
![Fonte: 74ª reunião mensal do CEMADEN, em 16/01/2025 Níveis do Rio Negro em Manaus](https://static.wixstatic.com/media/a63056_ba55af5774c44ff699dd46b6ff702a4b~mv2.jpg/v1/fill/w_776,h_436,al_c,q_80,enc_auto/a63056_ba55af5774c44ff699dd46b6ff702a4b~mv2.jpg)
Observa-se um aumento na frequência e intensidade de eventos extremos, tanto de cheias quanto de secas. Essa tendência está relacionada à emergência climática, que está alterando os padrões de precipitação e temperatura na região amazônica. As consequências dessas mudanças são diversas e afetam a biodiversidade, a economia e a sociedade da região.
13. Análise específica do risco hidrológico e geológico no Rio Grande do Sul
Emitido em 30 de abril, antes do pico de chuvas no Rio Grande do Sul, na primeira semana de maio, o mapa de risco hidrológico elaborado pela CEMADEN corrobora os dados apresentados, indicando áreas de alto e muito alto risco de inundações em diversas regiões do estado. Essa situação foi agravada por fatores como a ocupação irregular de áreas de risco, a impermeabilização do solo e a falta de infraestrutura adequada para drenagem urbana. Da mesma forma, o mapa de risco geológico, por sua vez, alertava para a possibilidade de deslizamentos de terra em áreas com declividade acentuada e solo instável, o que evidencia ainda mais a vulnerabilidade do estado a eventos extremos.
É fundamental ressaltar que os eventos extremos como os ocorridos no Rio Grande do Sul em 2024 tendem a se tornar mais frequentes e intensos devido à emergência climática. A combinação de chuvas intensas e prolongadas com a urbanização desordenada e a ocupação de áreas de risco aumenta a probabilidade de ocorrência de desastres naturais. Diante desse cenário, é urgente a adoção de medidas de prevenção e mitigação de riscos, como a implementação de sistemas de alerta precoce, o planejamento urbano adequado, a recuperação de áreas degradadas e a educação ambiental da população. Além disso, é necessário investir em infraestrutura resiliente, capaz de resistir aos impactos de eventos extremos. A gestão integrada de recursos hídricos e a criação de planos de contingência também são medidas essenciais para reduzir a vulnerabilidade do estado a esses eventos.
14. Considerações finais
Respingos de 2024, no dia em que escrevo este artigo, temos o antagonismo de que vários estados do nordeste (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) enfrentam uma escassez hídrica absurda, com centenas de municípios em estado de calamidade pública, e de vários estados da mesma região (Ceará, Piauí, Maranhão e Bahia) no extremo oposto, com dezenas de municípios em estado de calamidade pública enfrentando inundações e enxurradas, em função de chuvas intensas. Na mesma semana.
A apresentação do CEMADEN sobre os eventos climáticos de 2024 na América do Sul, com foco no Brasil, pinta um quadro alarmante e urgente. Os dados apresentados evidenciam um aumento significativo na frequência e intensidade de eventos extremos, como ondas de calor, secas prolongadas, chuvas torrenciais e inundações. Essa intensificação dos fenômenos climáticos está diretamente ligada à emergência climática global e tem impactos profundos em diversos setores, como agricultura, saúde, economia e meio ambiente. Entre os pontos-chave, destacam-se:
Aumento da temperatura global: 2024 foi o mais quente já registrado, superando em 1,5°C a média pré-industrial, um marco alarmante que também é o limite estabelecido pelo “Desacordo” de Paris.
Eventos extremos: o Brasil e a América do Sul registraram uma série de eventos climáticos extremos, como as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e a seca prolongada na Amazônia.
Impactos socioeconômicos: os eventos extremos causaram inundações, deslizamentos de terra, perdas agrícolas, deslocamento de populações e impactos na saúde pública.
Vulnerabilidade: a América do Sul mostrou-se especialmente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, com consequências significativas para a população e os ecossistemas.
Necessidade de ação: os dados apresentados reforçam a urgência de adotar medidas para mitigar as causas da emergência climática e de nos adaptarmos aos seus impactos.
A análise dos dados do CEMADEN permite concluir que a emergência climática é uma realidade e que seus impactos já são sentidos de forma contundente no Brasil e na América do Sul. É fundamental que governos, empresas e sociedade civil se unam para enfrentar esse desafio global. As principais medidas a serem adotadas incluem:
Redução das emissões de GEE: a transição para uma economia de baixo carbono é essencial para limitar a ebulição global.
Adaptação aos impactos: é necessário investir em medidas de adaptação, como a construção de infraestruturas resilientes, o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e a gestão integrada de recursos hídricos.
Conscientização e educação: a população deve ser conscientizada sobre os impactos da emergência climática e a importância de adotar práticas sustentáveis.
Cooperação internacional: a cooperação entre países é fundamental para enfrentar este desafio global.
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