O fechamento entristeceu a muitos (MIGUEL MEDINA). Na foto, um instrutor faz manobras com um golfinho.
Por AFP - Agence France Presse
Parque marinho francês fecha devido à lei que proíbe shows de baleias assassinas.
Vincent-Xavier MORVAN
Um parque marinho francês fechou definitivamente no domingo devido a uma lei de 2021 que proíbe shows de mamíferos marinhos, deixando um futuro incerto para as duas últimas orcas em cativeiro do país, centenas de outros animais e dezenas de funcionários.
O fechamento do parque foi marcado por um show final de suas duas orcas, Wikie e Keijo, que foram recebidas com aplausos arrebatadores por multidões que vieram para o último dia de operações.
Muitos visitantes e funcionários expressaram sua consternação.
“Nossos corações estão em pedaços”, disse Salome Mathis, uma jovem tratadora que veio se despedir de seus antigos colegas no parque aquático.
As duas orcas - conhecidas como baleias assassinas - enfrentam um futuro incerto.
Os ativistas da causa animal ficaram furiosos com os planos da Marineland de transferir suas duas orcas para o Japão, o que a ministra da ecologia da França disse que se opunha devido às leis de bem-estar animal mais frouxas de Tóquio.
O futuro dos outros 4.000 animais de 150 espécies, incluindo golfinhos, leões marinhos, tartarugas e peixes, também permanece incerto.
O Marineland foi atingido por uma tempestade de controvérsias em março, depois que duas de suas orcas morreram com cinco meses de diferença.
O parque, próximo a Antibes, na Riviera Francesa, tem cerca de 4.000 animais de 150 espécies diferentes. Mas o número de visitantes caiu de 1,2 milhão por ano em seu auge, quando era a principal atração da Cote d'Azur, para apenas 425.000 na última década.
Ele empregava 103 funcionários permanentes e cerca de 500 trabalhadores sazonais.
“Entendo que está fechando com a queda no número de visitantes, mas estou desapontado porque poderíamos ter evoluído de forma diferente”, disse Jeremy Lo Vasco, 34 anos, guardião há dez anos.
“No momento, não estamos pensando em nosso próprio destino porque nossa prioridade é que os animais fiquem bem, mas o golpe de misericórdia virá mais tarde”, acrescentou.
Ele evocou um “efeito bola de neve” de vários fatores, incluindo as enchentes de 2015 que submergiram o local, o documentário “Blackfish” de 2013 denunciando o cativeiro de cetáceos e a pandemia de Covid.
- 'Realocar todos os animais' -
Esses fatos levaram o proprietário do parque, o grupo espanhol Parques Reunidos, a anunciar seu fechamento definitivo, sendo mantidas apenas as atividades recreativas durante a temporada de verão.
O parque afirmou que 90% de seus visitantes vêm para ver as orcas e os golfinhos.
O fechamento do Marineland encerra uma história que começou quando o conde Roland Paulze d'Ivoy de La Poype - um herói da Segunda Guerra Mundial - abriu um parque inteiramente dedicado à fauna marinha com base no que havia visto nos Estados Unidos.
A Marineland tem até dezembro de 2026 para se desfazer de suas duas baleias assassinas restantes, Keijo e Wikie.
A prioridade é “realocar todos os animais para as melhores instalações disponíveis no momento”, disse o parque.
Mas a transferência planejada de suas duas últimas orcas - ambas nascidas em cativeiro - para o Japão é inaceitável, disse a Ministra da Ecologia da França, Agnes Pannier-Runacher, à rádio Franceinfo em novembro.
“No Japão, não existe uma regulamentação abrangente com relação ao bem-estar dos animais”, argumentou ela.
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