![Imagem: diversidade de agentes em uma monocultura vs. diversidade de agentes em um sistema agroflorestal sucessional sintrópico](https://static.wixstatic.com/media/a63056_c8c524b661a74560ad394ce1e1dbec28~mv2.jpg/v1/fill/w_568,h_428,al_c,q_80,enc_auto/a63056_c8c524b661a74560ad394ce1e1dbec28~mv2.jpg)
Observando a natureza para gerenciar empresas
Descubra novas percepções sobre a saúde do solo que podem inspirar a dinâmica dos sistemas humanos.
A diversidade proporciona estabilidade é um princípio de funcionamento dos sistemas naturais que as pessoas insistem em ignorar quando se trata de criar sistemas humanos.
Um exemplo fácil de ilustrar esse ponto é o uso de bactérias e fungos para o controle biológico de pragas em plantações. Com a grande vantagem de substituir o uso de produtos químicos tóxicos que matam a vida no solo, o controle biológico de pragas, no entanto, ainda segue a lógica de combater a doença sem agir sobre a causa do desequilíbrio.
Em geral, um sistema pobre em diversidade de espécies, ou seja, uma monocultura, sempre será menos resistente a eventos imprevistos e intempéries e, portanto, mais suscetível a pragas e doenças.
Não é mais novidade que uma praga é um indicador de desequilíbrio. Em uma rede complexa com uma diversidade de agentes, predadores e presas interagem para sustentar formas de vida cada vez mais complexas. A sucessão natural de espécies leva naturalmente a uma maior diversidade. Mas quando um distúrbio atinge o sistema e afeta esse equilíbrio, pode ocorrer uma infestação das mesmas espécies, regredindo o sistema a níveis anteriores de sucessão, algo comparável à transformação de uma floresta ou savana, repleta de reservas de carbono, em um deserto sem estoques que sustentem a vida.
Voltando ao caso da tecnologia de controle biológico: hoje já é possível eliminar fungos patogênicos usando um fungo predador, o Trichoderma. A questão é que, uma vez utilizada essa tecnologia, surge um novo problema, pois o agente utilizado pode ser tão agressivo que mata também a biologia benéfica do solo, responsável por proteger e dar saúde às plantas.
Em outro cenário, em um solo onde há uma cadeia alimentar completa de bactérias, fungos, protozoários, nematóides e microartrópodes, as plantas têm o vigor e a proteção para evitar a proliferação de patógenos. Esse equilíbrio é alcançado ao imitar os solos dos sistemas mais avançados, ou seja, as florestas, onde há uma correlação entre bactérias e fungos, fixando carbono.
![Imagem 2: De acordo com a Dra. Elaine Ingham, cientista que dirige a Soil Food Web School, é essencial diferenciar a diversidade presente em um solo em início de sucessão, onde apenas o componente mineral é predominante, da diversidade presente em um solo de sucessão avançada, composto por matéria orgânica e biologia, além do componente mineral.](https://static.wixstatic.com/media/a63056_bf7799b10f464adebb96322d7d568f69~mv2.jpg/v1/fill/w_568,h_382,al_c,q_80,enc_auto/a63056_bf7799b10f464adebb96322d7d568f69~mv2.jpg)
Essa é a diferença entre solo e poeira. O solo contém biologia e matéria orgânica que o tornam capaz de permitir a passagem de ar, reter nutrientes e sustentar a vida. A poeira, por outro lado, é apenas o componente mineral do solo e é inerte: argila, areia ou silte. Se houver apenas solo mineral, somente algumas formas de vida podem se desenvolver, e essas são o início da sucessão.
O solo pobre será dominado por bactérias. Elas são a base da cadeia alimentar do solo, mas são inferiores em sua capacidade de fixar carbono. Sem a diversidade que vem com a presença de fungos e outras formas de vida, o solo puro, por meio das bactérias, consome rapidamente todos os minerais (inclusive fertilizantes químicos) incorporados a ele, metabolizando o carbono em dióxido de carbono e esgotando os estoques do solo.
Embora as bactérias causem esse tipo de degradação, a presença de outros agentes, principalmente fungos e toda a cadeia alimentar que se forma a partir deles, controla a atividade das bactérias e ajuda a fixar o carbono em vez de perdê-lo como gás. O estoque de carbono no solo, combinado com a presença de uma biologia aeróbica benéfica diversificada, é a principal medida para criar sistemas equilibrados e saudáveis. Qualquer ataque ou distúrbio externo tem pouco impacto quando toda a planta está coberta por essa biologia, colonizando a área ao redor de suas raízes e folhas. Não há pontos abertos de infecção.
Transferida para os sistemas humanos, essa lógica nos faz valorizar a diversidade das culturas locais e as diferentes formas de fazer as coisas, bem como a presença de diferentes formas de pensar na composição de equipes e grupos. É assim que a natureza pode inspirar as empresas.
Artigo escrito por: Marina Utsch
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