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O Tripalium dignifica o ser humano? 19/02/2024

Foto do escritor: Ana Cunha-BuschAna Cunha-Busch

Símbolo do Tripalium um homem como se estivesse na cruz em uma estrutura parecida com metal, talvez uma medalha

Será que o trabalho dignifica o homem?


Esta frase, tão famosa, "O trabalho dignifica o homem", requer uma análise desapaixonada sob a luz da filosofia e sociologia, afastando-se do senso comum e adotando uma abordagem fria, racional e fundamentada, e eu, como agente de tal ofício, o farei de maneira casual e acessível neste breve resumo que chamarei de artigo. A palavra "trabalho" deriva do latim "tripalium", que originalmente representava uma ferramenta de tortura utilizada pelas elites para coagir certas pessoas a produzirem para eles. Embora a palavra tenha perdurado, transliterado, a conotação de tortura permanece, ainda que de forma mais sutil e sofisticada, em conjunto com um poderoso processo de lavagem cerebral. Esse processo não apenas subjuga e tortura as pessoas, mas também as convence de que essa é a única maneira adequada de viver, ou pior ainda, de defender as elites que as oprimem, como observaram Hannah Arendt e Michel Foucault.


Refiro-me ao que muitos chamam de "trabalho" nos dias de hoje como uma forma de escravidão contemporânea - uma modalidade de escravidão mais dissimulada, menos física e mais mental. Esta é perpetuada pelo capitalismo, que condiciona a população a uma existência doentia, baseada na comparação e na competição. Na narrativa capitalista, o "bem-sucedido" é aquele que mais humilha e explora, frequentemente às custas das comunidades marginalizadas, das favelas, verdadeiras colônias de escravos para o sistema capitalista. A propaganda impõe valores e padrões falsos, como os de beleza e tecnologia - por exemplo, “a ideia de que o iPhone é o melhor smartphone” “Harmonização facial é o padrão de beleza”, falácias que a população, em sua maioria apedeutas, aceitam sem questionamento. Esses padrões são internalizados pela sociedade, alimentando uma cultura de conformidade e opressão. Afinal, é mais fácil vender para, e manipular uma população que pensa igual, tamanho nojo e asco tenho da palavra “padrão”, que carrega em si um potencial doentio e genocida absurdo.


À medida que nos aprofundamos em nossos estudos e descobrimos os contextos e etimologias por trás das palavras, é necessário revisitar nosso vocabulário. Sugiro abolir a palavra "trabalho" precisamente para deixar para trás a história de abuso associada a ela. Em seu lugar, poderíamos adotar uma definição mais precisa e objetiva, no caso proposto pelo ODS "Trabalho decente e crescimento econômico" sugiro: "Exercício da vontade de potência produtiva de cada indivíduo, de maneira livre, e crescimento econômico voltado para uma redistribuição justa de recursos". Embora essa descrição possa ser mais longa, ela elimina qualquer ambiguidade que as elites poderiam explorar. O saber de nosso belo idioma português brasileiro, talvez o mais sofisticado da história da humanidade nos permite tal excelência da expressão afim de alcançar tal objetividade reduzindo brechas para as elites, sempre parasitárias. Afinal, faça o teste você mesmo, caro leitor, pergunte a um empresário o que ele entende por 'trabalho decente', e provavelmente ele mencionará, veladamente, qualquer atividade que contribua para o aumento de seus lucros, sem necessariamente considerar o bem-estar dos seres envolvidos. Além disso, é importante compreender que o crescimento econômico muitas vezes ocorre à custa da exploração de indivíduos, o que evidencia como o capitalismo e suas elites podem distorcer e manipular conceitos em benefício próprio, perpetuando assim abusos e injustiças.


Quando falamos sobre o ODS 8, estamos discutindo a criação de um ambiente no qual cada pessoa possa desenvolver suas capacidades e habilidades intrínsecas por meio de uma educação verdadeira, permitindo-lhes escolher suas carreiras de acordo com essas descobertas, ou seja, estamos falando de acessibilidade, de projetos sociais, não de acúmulos, não é sobre trabalhar para sobreviver como é dito pelo senso comum, é sobre ter uma vida de qualidade, para só depois, poder produzir algo relevante. No entanto, devemos lembrar que qualquer ODS pode ser cooptada pelas elites para perpetuar o capitalismo explorador e doentio. Portanto, é crucial aprofundarmos nosso entendimento histórico, etimológico, filosófico e científico de cada conceito e palavra dentro dessa construção social.


Os ODS e os direitos humanos (ainda um ideal a ser alcançado) são, sem dúvida, temas cruciais nos dias de hoje. No entanto, fazem parte de uma complexa teia emaranhada de causas e efeitos, exigindo uma análise cuidadosa e racional. Ao longo da história da humanidade, temos visto conceitos profundos e importantes serem manipulados para servir a agendas opressivas. Portanto, devemos reivindicar o direito de exercer nossa vontade de potência e defender o ODS 8, mas não conforme ditado pelo capitalismo. Não devemos agir de maneira a agradar um sistema que, como bem apontado, exala um odor de opressão. A garantia dos direitos humanos e a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) devem gerar, não a adequação passiva ao status quo, mas sim uma forma de desobediência social que impulsiona a rebeldia e, consequentemente, a destruição ou transformação do sistema vigente. Pois provavelmente, para 1% da população mundial, o sistema atual já está maravilhoso, pois, dois terços dos recursos globais já se encontram em suas mãos, em uma geopolítica que fede, sente o fedor? De um imperialismo doentio encabeçado pelos EUA, e sua cultura patética “patriota”, a fim de criar zumbis escravos, não que outros países não façam o mesmo, em sua maioria as elites fazem, mas os com maiores PIB apenas fazem com mais virulência, e eficácia para com seus objetivos.


(Artigo de Glycon Luiz, cedido para Ana Lucia Cunha-Busch publicar para acesso gratuito, é proibido qualquer forma de comercialização sem prévia autorização do autor.)


Vídeo onde falo sobre o tema, caso queira publicar em conjunto:


Atenciosamente, Glycon Luiz


Filósofo, Sociólogo, Professor, Palestrante, Escritor.


ODS 8

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