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O Panorama Global 19/03/2024

Foto do escritor: Ana Cunha-BuschAna Cunha-Busch

Atualizado: 19 de mar. de 2024


Duas meninas olhando cataventos ao fundo

O Panorama Global


O desenvolvimento sustentável, especificamente a preocupação com o meio ambiente e a erradicação da pobreza são temas que há muito tempo são debatidos, prova disso, que em 1972, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, Suécia, marcando o início das discussões internacionais sobre questões ambientais, sociais e de governança.


Passados 15 anos, em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU publica o relatório “Nosso Futuro Comum” (também conhecido como Relatório Brundtland), que populariza o conceito de desenvolvimento sustentável.


Em 1992, no Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), o que resultou na Agenda 21, trazendo como escopo e essência, um plano abrangente para promover a sustentabilidade.


No ano de 1997, a preocupação em reduzir as emissões de gases de efeito estufa é colocada em pauta e dá origem ao Protocolo de Quioto, estabelecendo metas de redução de emissões de gases de efeito estufa aos países do Anexo I, aqueles considerados os principais responsáveis pelas emissões.

Já em 2000, a ONU estabelece metas globais para a erradicação da pobreza, educação, saúde e sustentabilidade, o que ficou conhecido como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Tanto o Protocolo de Quioto, como os ODMs foram substituídos.


O Protocolo de Quioto foi substituído pelo Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que tem como previsão central o compromisso de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.

Também em 2015, em âmbito da ONU, foi estipulado uma nova agenda global, substituindo os ODMs pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS da ONU.


Conhecida como “Agenda 2030” ou “Década da Ação”, a ONU adotou em setembro de 2015, através dos Estados-membros das Nações Unidas, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) interconectados com 169 metas específicas, são eles:


Erradicação da Pobreza

Fome Zero e Agricultura Sustentável

Saúde e Bem-Estar

Educação de Qualidade

Igualdade de Gênero

Água Potável e Saneamento

Energia Acessível e Limpa

Trabalho Descente e Crescimento Econômico

Indústria, Inovação e Infraestrutura

Redução das Desigualdades

Cidades e Comunidades Sustentáveis

Consumo e Produção Responsáveis

Ação Contra a Mudança Global do Clima

Vida na Água

Vida Terrestre

Paz, Justiça e Instituições Eficazes

Parcerias e Meios de Implementação


A criação dos 17 ODS visava abordar os principais desafios globais, como a erradicação da pobreza, inclusão social, proteção ambiental e o desenvolvimento econômico de forma sustentável e integrada até o ano de 2030.


Obstante aos legítimos interesses da sociedade a esfera pública e os governos são cada vez mais pressionados sobre questões sociais, ambientais e gestão de recursos de forma transparente e eficaz, por outro lado na esfera privada, mercados globais já entenderam o quanto uma cadeia produtiva sustentável gera maior engajamento com a sociedade, atrai “novos consumidores conscientes”, retém talentos e proporciona maior valorização de seus produtos e serviços a longo prazo.


Mas, uma recente pandemia, nos deparamos com novos desafios globais, conflitos sociais, guerras e diversas catástrofes ambientais, que fazem parte de um panorama global cada vez mais alarmante, impulsionando diferentes atores sociais e governos a caminharem na mesma direção – da sustentabilidade – pelas interconexões entre os sistemas sociais, econômicos e ambientais, destacando a fragilidade desses sistemas e alertando a necessidade de que haja equilíbrio entre as relações humanas e a natureza para que possamos viver em um mundo mais próspero.


A pandemia da COVID-19, crise sanitária e humanitária mais recente que matou milhões de pessoas ao redor do mundo, destaca bem a interdependência entre saúde humana, ecossistemas e sustentabilidade, levando a uma maior conscientização sobre a importância de abordagens sustentáveis para enfrentar os desafios globais. E, à medida que nos deparamos com problemas como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, escassez de recursos naturais e desigualdades sociais, a busca por soluções sustentáveis se torna uma prioridade em todos os setores da sociedade – governos, organizações não-governamentais, empresas e indivíduos em todo o mundo que estão se mobilizando para abordar questões emergenciais.


Sendo assim, devemos considerar o quanto a função da tecnologia e das mídias vem ampliando a consciência de um mundo pós-pandemia. Podemos dizer que o fator determinante é o acesso à informação, amplamente disseminada, principalmente se considerarmos que estamos em meio a uma revolução tecnológica (Indústria 4.0), o que implica uma avalanche informacional.


Especificamente sobre a Quarta Revolução Industrial, é interessante destacar o potencial colaborativo da tecnologia para que possamos acelerar os passos rumo à sustentablidade.


Por influência, em grande parte, da tecnologia, é que a sustentabilidade tornou-se uma preocupação central em várias esferas da sociedade global, influenciando e direcionando decisões. As tendências emergentes em setores como economia e tecnologia, princiaplamente se pensarmos em Inteligência Artificial refletem uma resposta aos desafios ambientais e sociais, basta pensarmos em bioeconomia, economia circular, energias renováveis, agricultura de precisão, baterias de alta capacidade, avaliações de impacto, monitoramento ambiental e eficiência energética – são frentes baseadas em uma nova economia de impacto e no investimento e desenvolvimento em tecnologia e, à medida que a sustentabilidade se torna uma prioridade global, é provável que vejamos uma integração ainda maior dessas tendências em vários setores.


De maneira geral, compromissos assumidos pelos governos, aumento de investimento em iniciativas sustentáveis, transição energética, consciência e adoção de nova forma de fazer negócios e maior cobrança da sociedade por práticas sustentáveis demonstram o avanço da agenda e a utilização da tecnologia como consequência das oportunidades geradas pelo novo capitalismo consciente e pelo caráter de urgência para a transição de uma economia altamente poluente para uma de baixo carbono, mais consciente e responsável.


É necessário que o mundo atue de forma cooperativa. Mais do que desenvolver políticas e compromissos, precisamos que haja compartilhamento de conhecimento, boas práticas e mobilização de recursos, voltados a implementação de projetos sustentáveis pelo mundo para viabilizar a materialização e o atingimento dos ODS da ONU.


A economia colaborativa é uma das tendências que resultam da crescente onda de conscientização global a respeito da sustentabilidade, outras dizem respeito a atuação em prol da materialidade de práticas sustentáveis, como a mudança no comportamento do consumidor, o aumento de práticas voltadas à circularidade e gestão adequadas de produtos também é uma tendência global que ganhará força; a transição energética já acontece de maneira mais perceptível, inclusive no Brasil; a urgência climática tendência a continuar no topo dos assuntos mais debatidos quando se trata de sustentabilidade, dado o seu caráter emergencial e de oportunidade de negócios; por último e não menos importante, a tecnologia continuará a revolucionar a forma como vemos o mundo e nos obrigará a nos adaptarmos aos seus avanços e, certamente, governos e empresas engajados na pauta sustentável, investirão em tecnologia e inovação para sanar problemas socioambientais e reduzir custos de suas gestões, como a transição energética, eficiência hídrica, agricultura de precisão, gestão de resíduos e conservação de recursos naturais e mobilidade sustentável.

Em resumo, quando pensamos em panorama global, podemos observar que à medida que os desafios ambientais se intensificam, o mundo de modo geral está adotando medidas para lidar com essa questão de forma mais ampla e abrangente – há, de fato, um crescente reconhecimento da necessidade de proteger e preservar os recursos naturais do planeta para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.


Uma das principais estratégias adotadas é a transição para fontes de energia limpa e renovável. Países ao redor do mundo estão investindo em energias renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica, biomassa, hidrogênio e geotérmica, reduzindo sua dependência dos combustíveis fósseis e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.


Em se tratando de conservação da biodiversidade, há uma crescente conscientização sobre a importância de proteger ecossistemas e espécies ameaçadas. Muitos países estão estabelecendo áreas protegidas e implementando políticas de conservação para preservar a riqueza natural do planeta. Além disso, a agricultura sustentável e o manejo responsável das florestas estão sendo promovidos como formas de conciliar a produção de alimentos e a conservação ambiental.


Em termos de bioeconomia, o Brasil, com sua vasta biodiversidade e extensas áreas de biomas naturais, tem um potencial inigualável para se tornar um protagonista nesse cenário. Somos um gigante por natureza!


A Amazônia, por exemplo, com sua imensurável riqueza biológica, é um verdadeiro laboratório natural, detendo potencial para pesquisa e desenvolvimento de produtos biotecnológicos, medicamentos e soluções sustentáveis. Por outro lado, o Pantanal, a maior planície alagada do mundo, é um exemplo singular de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, que podem ser utilizados de forma sustentável para impulsionar setores como o ecoturismo e a pesca responsável.


Quanto a geração de lixo, redução do desperdício e o estímulo à economia circular também são aspectos fundamentais da sustentabilidade global e iniciativas ao redor do mundo estão sendo desenvolvidas para melhorar a gestão de resíduos, promover a reciclagem e repensar a forma como produzimos e consumimos bens.


Nesse ponto, é importante destacar a evolução do conceito dos ‘Rs’, até um tempo atrás, com o crescimento de conscientização ambiental e em uma tentativa de promover práticas sustentáveis, foi desenvolvido o conceito dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar).


À medida que a conscientização sobre os problemas ambientais continuou crescendo, tornou-se claro que era necessário um entendimento mais profundo e abrangente das práticas sustentáveis, momento em que o conceito foi ampliado para 5 Rs.


Adicionar “Repensar” e “Recusar” ao início da lista reflete a ideia de que a prevenção é a melhor estratégia; ou seja, é melhor evitar o consumo desnecessário desde o início; o que sugere uma mudança fundamental em nossas atitudes e comportamentos em relação ao consumo.


Apesar dos progressos realizados, ainda há muito a ser feito para alcançar a sustentabilidade global. A colaboração internacional é fundamental, e acordos e compromissos globais, como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, fornecem um quadro importante para orientar as ações e os esforços conjuntos.


Alguns dados abaixo demonstram o progresso e os esforços em andamento em relação à sustentabilidade global, porém, de outro lado, destacam a necessidade de medidas adicionais e uma ação colaborativa contínua para enfrentar os desafios ambientais:



A) Transição para fontes de energia renovável:


O mundo adicionou 295 GW de capacidade renovável em 2022, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior, de acordo com as estatísticas de capacidade renovável 2023 da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), divulgadas em março de 2023. Isso representa 83% de toda nova energia inaugurada no ano passado.

As adições globais de capacidade renovável devem superar os 440 gigawatts (GW) em 2023, acompanhando uma tendência de melhoria na competitividade da energia eólica e solar fotovoltaica desde o ano passado, calcula da Agência Internacional de Energia.

Em 2022, o mundo adicionou 295 GW, 9,6% a mais que em 2021, e fechou o ano com 3,3 terawatts (TW) instalados.

Em resumo, de acordo com Agência Internacional de Energia – IEA, na sigla em inglês, e notícias veiculadas em meios de comunicação como site da Reuters e Forbes, o mercado de renováveis está diante de um crescimento sem precedentes no setor, impulsionado por políticas de incentivo, preocupações com a segurança energética e melhoria da competitividade em relação às alternativas de combustíveis fósseis.

Investimentos em eficiência energética podem gerar benefícios significativos, como redução de emissões de CO2 e economia de custos. De acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) de 2020, investir em eficiência energética poderia aumentar o PIB global em até 3,9% até 2050.



B) Conservação da biodiversidade:


Cerca de um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, alertou um novo relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), órgão independente de ciência e política apoiado pela ONU. Girafas, papagaios e até carvalhos estão incluídos na lista, assim como cactos e algas marinhas.

Para preservar a biodiversidade, muitos países estão estabelecendo áreas protegidas. Segundo o Banco Mundial, atualmente cerca de 15% da superfície terrestre e 7% dos oceanos estão sob proteção, embora sejam necessários esforços ainda maiores para atingir as metas de conservação.

Após anos de negociação, a ONU alcançou um acordo histórico para proteger os oceanos – o Tratado traz diretrizes para colocar 30% dos mares sob proteção até 2030. O acordo é vital para salvar o ecossistema marinho, reverter a perda de biodiversidade dos mares e garantir o desenvolvimento sustentável.



C) Economia circular e redução de resíduos:


De acordo com estudo da International Solid Waste Association (ISWA), uma organização sem fins lucrativos que reúne profissionais do setor de resíduos sólidos, prevê que a geração mundial de lixo chegará a 3,4 bilhões de toneladas, por ano, até 2050, evidenciando a urgência de melhor gestão dos resíduos, desde o seu descarte a coleta seletiva, bem como soluções de economia circular e campanhas de conscientização.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que a adoção de práticas de economia circular pode reduzir as emissões de CO2 em 39% até 2050 e gerar benefícios econômicos significativos.



D) Parcerias e Meios de Implementação


Por fim, é importante destacar e reiterar que a sustentabilidade tornou-se uma palavra-chave quando falamos em desafios globais como fome, desemprego, desmatamento, mudanças climáticas e desigualdade. Embora muitos avanços tenham sido feitos, é evidente que nenhum país ou empresa pode resolver esses problemas isoladamente. Nesse contexto, o 17º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU destaca a importância de “Parcerias e Meios de Implementação” como pilares essenciais para o enfrentamento de questões emergentes.

Larry Fink, CEO da BlackRock, empresa líder mundial em gestão de ativos, deixou claro em uma de suas mensagens aos acionistas: “a sustentabilidade não é apenas ética, mas também um imperativo econômico”. No entanto, o surgimento do movimento anti-ESG, nos Estados Unidos, que questiona a eficácia e a transparência das métricas de sustentabilidade, mostra que ainda há um importante debate sobre a conscientização e fortalecimento da transparência, compliance e políticas anti-corrupção por grande parte das empresas.


A COP 27, em sua busca por consensos globais para ações climáticas, evidenciou a importância de colaborações transnacionais e multisetoriais. Contudo, a frase alarmante do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, de que “o aquecimento global acabou, o planeta entra na era da ebulição global”, ressalta a urgência de ações concretas e eficazes, que só podem ser alcançadas através de parcerias sólidas e meios de implementação bem estruturados.


Já na COP28, realizada em Dubai em 2023, podemos dizer que marcou um progresso significativo no combate às mudanças climáticas. O acordo final focou na transição justa e ordenada dos combustíveis fósseis e enfatizou a necessidade de reduções nas emissões de gases de efeito estufa, alinhadas ao objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris. A conferência também destacou a importância de ampliar as energias renováveis e melhorar a eficiência energética.

Por outro lado, o acordo foi criticado por não apresentar meios claros para a implementação das medidas propostas.


Ou seja, COP28 trouxe avanços nas metas de redução de emissões e energia renovável, mas enfrenta desafios na implementação prática e no financiamento dessas iniciativas.


Portanto, a solução para os desafios globais da atualidade não reside apenas em avanços tecnológicos ou políticas isoladas, mas na capacidade de formar parcerias robustas e inclusivas. Essas colaborações são essenciais para traduzir intenções sustentáveis em ações práticas e efetivas, capazes de trazer mudanças transformadoras em escala global.



Marcel Guariglia


ODS 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17


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