Por AFP - Agence France Presse
O impulso global da energia verde provavelmente continuará apesar do recuo climático de Trump: ONU.
Por Elodie LE MAOU
Davos, Suíça
A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris não deve desacelerar o impulso global em direção aos investimentos em energia renovável que o acordo criou, disse a ONU na quarta-feira.
“Acredito que muitos países continuarão a se mover na direção da energia verde”, disse Celeste Saulo, chefe da agência climática e meteorológica da Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas.
Ao assumir o cargo na segunda-feira, o presidente Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris de 2015, adotado por 195 partes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas.
Os críticos alertam que a medida prejudica a cooperação global na redução do uso de combustíveis fósseis e pode enfraquecer os compromissos de outros países com a ação climática.
Mas a chefe da OMM, Saulo, disse em uma entrevista conjunta com a AFP e a Reuters que não acreditava que a retirada dos EUA desaceleraria o que está se revelando como investimentos lucrativos em energia verde.
A mudança para fontes de energia renovável “está em andamento e (...) traz riqueza para os países”, disse ela à margem do Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos, que fica na estação de esqui.
“Isso não vai mudar”.
Ela não “espera que as pessoas se afastem dos investimentos que são muito lucrativos e, ao mesmo tempo, são iniciativas verdes”.
“Acho que o movimento e o ímpeto que começaram com o Acordo de Paris estão aí”.
Trump já havia retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris em 2017, durante seu primeiro mandato, apenas para ver o ex-vice-presidente Joe Biden entrar novamente quando assumiu o cargo em 2021.
O anúncio de segunda-feira, no primeiro dia de Trump de volta ao poder, sinalizou que os Estados Unidos sairiam formalmente em um ano, de acordo com as regras do acordo.
O anúncio foi feito em um momento em que as temperaturas médias globais já atingiram recordes para 2024 e, nos últimos dois anos, ultrapassaram temporariamente o limite crítico de aquecimento de 1,5 grau Celsius pela primeira vez.
Questionado sobre a decisão de Trump, Saulo disse que foi “uma decisão de um país soberano, e precisamos aceitar isso”.
O foco da OMM agora, disse ela, seria “continuar a... forte colaboração e engajamento dos EUA” com a agência.
Em particular, o trabalho para estabelecer sistemas de alerta precoce para eventos climáticos extremos “não deve ser afetado”, disse ela.
Com o aumento dos eventos climáticos extremos, a ONU disse que quer ver cada pessoa na Terra protegida por sistemas de alerta antecipado até 2027 para inundações, secas, ondas de calor e tempestades.
Saulo destacou a estreita cooperação entre a OMM e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). O trabalho da NOAA foi “bastante impactante em todo o mundo”, enfatizou.
“Tenho certeza de que continuará na mesma linha porque eles estão salvando vidas”, inclusive usando informações climáticas para emitir alertas antecipados de desastres iminentes.
“Eu diria que os Estados Unidos são um dos países que mais usam informações climáticas para a tomada de decisões”, disse ela.
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