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No Brasil, um projeto de reflorestamento da Amazônia busca resgatar os mercados de carbono 09/01/2025

Foto do escritor: Ana Cunha-BuschAna Cunha-Busch

As primeiras árvores a serem plantadas são aquelas que crescem melhor sob o sol escaldante da Amazônia (Pablo PORCIUNCULA) (Pablo PORCIUNCULA/AFP/AFP)

As primeiras árvores a serem plantadas são aquelas que crescem melhor sob o sol escaldante da Amazônia (Pablo PORCIUNCULA) (Pablo PORCIUNCULA/AFP/AFP)




Por AFP - Agence France Presse


No Brasil, um projeto de reflorestamento da Amazônia busca resgatar os mercados de carbono

Anna PELEGRI


Na Amazônia brasileira, trabalhadores usam tubos de metal para semear mudas em rápida sucessão, como parte de um esforço para reflorestar a selva com milhões de árvores.


O projeto tem o apoio financeiro dos Estados Unidos e contratos lucrativos com empresas como Google, Microsoft e a equipe de F1 da McLaren, que querem usar a área reflorestada para compensar milhões de toneladas de emissões de carbono.


Ao plantar espécies nativas que se desenvolverão na Amazônia, a empresa brasileira Mombak espera restaurar a credibilidade de um mercado de carbono repleto de escândalos em um momento crucial para o aquecimento do planeta.


“Identificamos uma grande oportunidade no mercado, que é a meta global de reduzir as emissões nos próximos anos”, disse o cofundador da Mombak, Gabriel Silva, na fazenda Turmalina, no norte do estado do Pará.


“A Amazônia é o melhor lugar do mundo para reflorestar”, acrescentou, citando a perda de 60 milhões de hectares desde 2015.


- Créditos de carbono contaminados -

O mercado de carbono baseia-se na venda de créditos a empresas para compensar suas emissões de gases de efeito estufa, financiando o reflorestamento ou protegendo os sumidouros de carbono existentes que absorvem CO2.


A ideia por trás dos créditos de carbono, no entanto, foi atingida por um grande golpe recentemente, já que pesquisas científicas mostraram repetidamente que as alegações de redução de emissões são extremamente superestimadas ou até mesmo totalmente falsas.


O mercado também tem sido criticado como uma ferramenta de “lavagem verde”, permitindo que as empresas aleguem neutralidade de carbono enquanto fazem pouco para reduzir suas próprias emissões.


Um dos motivos pelos quais os projetos de reflorestamento têm se mostrado ineficazes é que muitos deles se concentram em monoculturas, como o eucalipto, que enfraquecem os ecossistemas com o tempo.


Desde sua fundação em 2021, a Mombak comprou nove fazendas de proprietários de terras no estado do Pará, no norte do Brasil, para replantar árvores.


A primeira delas, Turmalina - uma antiga fazenda de gado - tem 3.000 hectares. Ela está localizada a leste de Belém, a capital do Pará, que sediará a conferência climática COP30 da ONU em novembro.


- Simular a natureza

Em apenas 18 meses, foram plantadas três milhões de mudas de 120 espécies indígenas diferentes.


“Queremos simular a natureza”, para construir uma floresta ‘resiliente’, explicou o biólogo Severino Ribeiro.


As primeiras árvores a serem plantadas são aquelas que crescem melhor sob o sol escaldante da Amazônia. Em seguida, será a vez das espécies mais frágeis, que se desenvolvem bem à sombra.


Algumas das árvores recém-plantadas já têm vários metros de altura.


Entre elas estão 300.000 exemplares de seis espécies ameaçadas de extinção de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. Entre elas está o ipê amarelo, uma árvore emblemática do Brasil.


O Mombak pretende plantar pelo menos 30 milhões de árvores até 2032, em uma área cinco vezes maior do que a ilha de Manhattan, em Nova York.


O projeto é financiado por investidores privados, bem como por organizações como o Banco Mundial.


Em novembro, os Estados Unidos anunciaram um empréstimo de US$ 37,5 milhões para a Mombak, durante uma visita do presidente americano Joe Biden à Amazônia.


Os contratos com as empresas incluem uma tonelagem precisa de emissões a serem compensadas em um período específico.


O contrato da Microsoft visa a compensar 1,5 milhão de toneladas de CO2 - um dos maiores do gênero no mundo, segundo o Mombak.


Os valores dos contratos estão sendo mantidos em segredo, mas Mombak diz que eles precisam ser “altos”, pois esses projetos precisam de “capital intensivo” para serem viáveis.


O projeto Mombak ainda não foi validado pela Verra, uma organização norte-americana que é uma das principais certificadoras privadas de créditos de carbono.


No ano passado, a Verra reforçou seus métodos depois de enfrentar críticas de que os projetos que havia validado na verdade economizavam pouco ou nenhum carbono em comparação com suas promessas.


- Questão fundiária delicada -

A professora Lise Vieira da Costa, especialista em mercados de carbono da Universidade Federal do Pará, disse que estava “cautelosa” com a recém-chegada Mombak, mas viu sinais encorajadores em seu projeto.


“O fato de ela estar apostando no reflorestamento biodiverso é positivo”, disse ela.


Da Costa também destacou a abordagem da Mombak de comprar terras para reflorestamento, o que “indica uma tendência a ter menos conflitos com as comunidades”.


A propriedade da terra é um grande desafio na Amazônia, onde muitos não têm títulos para suas terras, criando um limbo legal que é explorado por agricultores, fazendeiros e especuladores.


Os tribunais paraenses já viram vários casos de apropriação indevida de terras relacionadas a projetos de crédito de carbono.


Para reduzir o conflito com as comunidades locais, a Mombak está trabalhando atualmente apenas em áreas “adquiridas de proprietários privados estabelecidos há décadas, o que facilita a verificação da documentação”, disse Silva.


No entanto, a empresa está interessada na primeira licitação do governo do Pará para o reflorestamento de uma área pública de 10.000 hectares.


“O Brasil não pode atingir suas metas de redução de emissões simplesmente reduzindo o desmatamento. Precisamos restaurar as áreas (desmatadas) criando concessões” de terras para o mercado de carbono, disse o governador do Pará, Helder Barbalho.


O especialista em silvicultura Carlos Augusto Pantoja argumenta que os fundos alocados para o reflorestamento devem ir para “o povo amazônico. Eles têm o know-how e precisam de apoio”.


“Se o capitalismo é responsável pela crise climática, não acho que ele será capaz de resolvê-la.”


app/lg/fb/aha


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