Por AFP - Agence France Presse
Líderes mundiais e tecnológicos enfrentam os desafios da IA na cúpula de Paris
Tom BARFIELD e Daxia ROJAS
Líderes políticos e do setor de tecnologia chegaram a Paris na segunda-feira para uma cúpula de dois dias sobre inteligência artificial, na esperança de encontrar um ponto em comum sobre a tecnologia revolucionária que deve transformar os negócios e a sociedade em todo o mundo.
Co-organizada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, a cúpula tem como objetivo estabelecer as bases para governar o setor nascente, à medida que as potências globais correm para desempenhar papéis de liderança na tecnologia em rápido desenvolvimento.
A reunião de segunda-feira, que contará com a presença de cerca de 1.500 convidados no opulento Grand Palais, na capital francesa, apresentará discursos e painéis de discussão que descrevem as promessas e os desafios apresentados pela IA.
Líderes políticos, incluindo o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Guoqing, devem se reunir com Sam Altman, diretor da OpenAI, e Sundar Pichai, diretor do Google.
Uma multidão de homens e mulheres falantes de idiomas de todo o mundo, em sua maioria engravatados, reuniu-se sob a cúpula de vidro e aço do grande salão, construído para a Exposição Universal de 1900.
Empresas selecionadas, acadêmicos e grupos sem fins lucrativos exibiram seus trabalhos com IA em estandes espalhados pelo espaço cavernoso, decorados com telas e cúpulas geodésicas.
Dois anos após o surgimento do chatbot ChatGPT da OpenAI, capaz de responder a todos os tipos de solicitações em linguagem natural, “a inteligência artificial alimenta imensas esperanças e, às vezes, um medo exagerado”, disse Anne Bouverot, enviada de Macron para IA, aos convidados na abertura da cúpula.
Ela prometeu um “ponto de inflexão” que traria mais países para o desenvolvimento da IA, que até agora tem se restringido a algumas economias avançadas.
Também está na pauta o “desenvolvimento sustentável” da tecnologia que consome muitos recursos e energia.
“Sabemos que a IA pode ajudar a mitigar as mudanças climáticas, mas também sabemos que sua trajetória atual é insustentável”, disse Bouverot.
- 'Stargate' dita o ritmo
No domingo, Macron alardeou os benefícios da inteligência artificial e os esforços franceses na área.
Em uma entrevista na TV, ele anunciou “109 bilhões de euros (US$ 113 bilhões) de investimento em inteligência artificial nos próximos anos” na França.
Isso foi “o equivalente para a França ao que os EUA anunciaram com o ‘Stargate’”, o programa americano de US$ 500 bilhões liderado pela OpenAI, fabricante do ChatGPT, acrescentou.
Os desafios técnicos e o preço de entrada para as nações que esperam ficar à frente na corrida da IA ficaram mais claros nas últimas semanas.
A startup chinesa DeepSeek surpreendeu os pesos pesados do Vale do Silício com seus modelos de IA de baixo custo e alto desempenho.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump emprestou a aura de seu gabinete ao projeto “Stargate” para construir infraestrutura de computação, como data centers.
Esses vastos edifícios concentram em um só lugar o armazenamento de dados e a capacidade de processamento necessários para desenvolver e executar os modelos de IA mais avançados.
“A Europa precisa encontrar uma maneira de tomar uma posição, tomar alguma iniciativa e retomar o controle”, disse Sylvain Duranton, do Boston Consulting Group.
Espera-se que a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anuncie cerca de 10 supercomputadores públicos projetados para uso por pesquisadores e startups durante sua participação na cúpula.
- Quebra-cabeça da governança global
Longe dos investimentos, um grupo de países, empresas e organizações filantrópicas disse no domingo que injetaria 400 milhões de dólares em uma parceria chamada “Current AI”, que promoveria abordagens de “interesse público” para a tecnologia.
A Current AI pretende arrecadar até US$ 2,5 bilhões para sua missão de dar aos desenvolvedores de IA acesso a mais dados, oferecer ferramentas de código aberto e infraestrutura para os programadores desenvolverem e “desenvolver sistemas para medir o impacto social e ambiental da IA”.
“Vimos os danos do desenvolvimento tecnológico sem controle e o potencial transformador que ele possui quando alinhado com o interesse público”, disse o fundador da Current AI, Martin Tisne.
Na terça-feira, líderes políticos de cerca de 100 países realizarão uma sessão plenária, com participantes notáveis, incluindo Modi, Vance, Zhang e Von der Leyen.
A França espera que os governos cheguem a um acordo sobre compromissos voluntários para tornar a IA sustentável e ecologicamente correta.
No entanto, pode ser difícil chegar a qualquer acordo entre blocos tão diversos quanto a União Europeia, os Estados Unidos, a China e a Índia, cada um com prioridades diferentes em termos de desenvolvimento tecnológico e regulamentação.
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