De ketchup a rocha lunar: Para que serve uma Exposição Mundial? 11/04/2025
- Ana Cunha-Busch
- 10 de abr.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
De ketchup a rocha lunar: Para que serve uma Exposição Mundial?
TÓQUIO, 11 de abril de 2025 (BSS/AFP) - A Expo 2025 começa no domingo na cidade japonesa de Osaka, mas na era da informação on-line e do turismo de massa, qual é o objetivo de uma Feira Mundial?
Os eventos de grande porte, que atraem milhões de visitantes a uma cidade escolhida a cada cinco anos, aproximadamente, remetem à Grande Exposição de Londres de 1851, realizada no Crystal Palace.
Enquanto 160 países e regiões se preparam para exibir suas conquistas tecnológicas e culturais na Expo de Osaka, que terá duração de seis meses, a AFP analisa o que se trata:
- O que é uma Exposição Mundial? -
Expandindo as exposições nacionais em Paris no início da Revolução Industrial, a Grã-Bretanha imperial construiu um imenso Palácio de Cristal de vidro para receber 14.000 expositores de 40 países.
Isso marcou o início do fenômeno da Expo, que, ao longo das décadas, apresentou ao mundo o ketchup, o telefone e as máquinas de raios X, entre inúmeras outras tecnologias.
A edição de Paris de 1889 apresentou a Torre Eiffel - destinada a ser uma atração temporária - e a pintura antiguerra de Pablo Picasso, “Guernica”, foi exibida pela primeira vez em uma feira em 1937.
Historicamente, as Feiras Mundiais não exibiam apenas novas tecnologias, mas também incluíam exibições racistas de pessoas reais das colônias da época.
- Ainda precisamos de exposições?
Embora as Exposições Mundiais ainda apresentem tecnologias futuras, alguns argumentam que o advento da Internet, da mídia de massa e de viagens mais baratas ao exterior as tornaram redundantes.
A turbulência global na forma de conflitos e guerras comerciais também levou os críticos a questionar os valores idealistas de unidade e desenvolvimento apresentados nos eventos.
Mas os organizadores da Expo 2025 em Osaka enfatizaram que as trocas pessoais entre as nações e os “encontros inesperados” resultantes ainda são importantes.
“Os seres humanos são criaturas que progrediram, pouco a pouco, ao se unirem, interagirem e compartilharem”, disseram eles.
Entre o número vertiginoso de exposições deste ano estão um meteorito de Marte, um “coração” pulsante cultivado a partir de células-tronco e a maior estrutura arquitetônica de madeira do mundo.
- Onde elas são realizadas? -
Desde 1928, o International Exhibitions Bureau, com sede em Paris, realiza as Expos. Mais de 180 países são membros e a cidade anfitriã é escolhida por votação de sua assembleia geral.
Essa é a segunda Exposição Mundial de Osaka após a edição de 1970, que contou com a presença de uma rocha lunar, com 64 milhões de pessoas, um recorde até Xangai em 2010.
Os Estados Unidos já realizaram frequentes Feiras Mundiais, como são conhecidas no país, deixando para trás marcos como o Space Needle, em Seattle, e o Unisphere, em Nova York.
Mas a maior economia do mundo sediou uma pela última vez em 1984, e alguns especialistas dizem que sua popularidade foi superada pelos Jogos Olímpicos e atrações como a Disneylândia.
- O que está em foco em uma Expo? -
Os edifícios geralmente ocupam o centro do palco nas Exposições Mundiais e este ano não é exceção, com cada país vestido para impressionar.
O design do pavilhão chinês evoca um pergaminho de caligrafia, enquanto o pavilhão português, criado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, apresenta cordas que “evocam o movimento do oceano”.
“As exposições sempre atuaram, e continuam atuando, como locais de experimentação arquitetônica”, disse Isaac Lopez Cesar, da Universidade de A Coruna, na Espanha.
Elas oferecem um fórum “onde são testadas novas formas arquitetônicas, novos materiais, novos projetos e tipologias estruturais e, em geral, novos avanços tecnológicos aplicados à arquitetura”, disse ele à AFP.
- Qual é o impacto ambiental? -
Temas de sustentabilidade estão presentes em toda a Expo, inclusive no pavilhão da Suíça, que tem como objetivo ter a menor pegada ecológica.
Mas as Exposições Mundiais têm sido criticadas por sua natureza temporária e, depois de outubro, a ilha artificial de Osaka será desmatada para dar lugar a um resort cassino.
De acordo com a mídia japonesa, apenas 12,5% do “Grande Anel” de madeira - uma vasta estrutura que circunda a maioria dos pavilhões nacionais - será reutilizado.
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