Por AFP - Agence France Presse
Conferência de cientistas dá início à cúpula global de IA em Paris
Mona GUICHARD e Tom BARFIELD
Especialistas globais debaterão as ameaças impostas pela inteligência artificial (IA) em uma reunião em Paris na quinta e sexta-feira, antes de uma cúpula de líderes mundiais sobre a tecnologia em rápida evolução.
Espera-se que milhares de pessoas participem do evento para encontrar um ponto em comum sobre uma tecnologia que revolucionou muitos setores de negócios em menos de dois anos - bem como para manter a França e a Europa no mapa como concorrentes confiáveis na corrida da IA.
As ambições de Paris também se estendem a estimular o interesse dos cidadãos nos usos da IA no mundo real, fazendo um balanço da governança global da tecnologia e promovendo opções éticas, acessíveis e econômicas.
Cientistas como Yann LeCun, chefe de IA da Meta, proprietária do Facebook, discutirão seu impacto em áreas como trabalho, saúde e sustentabilidade a partir de quinta-feira na prestigiada Escola de Engenharia Polytechnique.
O francês, um dos pais da atual onda de IA, e outros 20 pesquisadores importantes jantaram com Emmanuel Macron na quarta-feira, informou o gabinete do presidente francês no Palácio do Eliseu.
No sábado e no domingo, haverá palestras sobre o impacto da IA na cultura antes que chefes de estado e de governo de cerca de 100 países e líderes globais do setor de tecnologia se reúnam na segunda e na terça-feira.
- DeepSeek convidado
Entre os participantes de alto nível estarão o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Guoqing, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi será o co-anfitrião da cúpula, pois Macron busca envolver o Sul Global em uma batalha tecnológica que, por enquanto, está sendo travada principalmente entre os Estados Unidos e a China.
O gabinete de Macron disse que ele também receberia o líder dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed Bin Zayed al Nahyan, amplamente conhecido como “MBZ”, na quinta-feira para discutir “a ambição comum de nossos dois países em relação à IA”.
Do lado dos negócios, Elon Musk, chefe da X e da Tesla, ainda não confirmou sua presença, assim como Liang Wengfeng, fundador da startup chinesa DeepSeek, que chocou o mundo com seu modelo R1 frugal e de alto desempenho na semana passada.
Figuras americanas como Sam Altman, da OpenAI, e Dario Amodei, da Anthropic, bem como Arthur Mensch, da desenvolvedora francesa de IA Mistral, participarão da reunião.
No campo da ciência, LeCun, da Meta, será ladeado por Demis Hassabis, ganhador do Prêmio Nobel de Química e chefe do laboratório de pesquisa de IA DeepMind do Google, e pelo pesquisador de aprendizado de máquina de Berkeley, Michael Jordan.
Três outros ganhadores do Prêmio Nobel - o cientista da computação Geoffrey Hinton, a jornalista Maria Ressa e o economista Joseph Stiglitz - participarão de uma conferência organizada pela Associação Internacional para IA Segura e Ética (IASEI), criada apenas no ano passado.
- Esforços franceses em IA
A França espera que a conferência reforce sua posição de líder europeu em IA, já tendo atraído vários laboratórios das principais empresas de IA para Paris, incluindo Google, Meta e OpenAI.
A escola Polytechnique foi escolhida para sediar a conferência científica como um símbolo da excelência francesa na área.
“Essa cúpula deve ser um momento para posicionar Paris como a capital global da IA”, disse a ministra digital Clara Chappaz aos jornalistas da AFP.
Depois de um mês em que o surgimento do DeepSeek chocou até mesmo os titãs do Vale do Silício e dos Estados Unidos, que anunciaram um esquema de investimento em IA de US$ 500 bilhões, a França e a Europa têm muito a provar nos próximos dias.
Paris planeja anunciar grandes investimentos na casa dos bilhões, inclusive para novos data centers em seu território.
mng/tgb/gil
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